
(Foto – O Cântaro Zangado)
Antes de mais, deixem que vos diga que não sou beirão e só há bem pouco tempo é que tive oportunidade de me ir inteirando dos problemas da região e sobretudo da nossa Serra. Assim sendo, parece-me normal que possa trocar alguns nomes, ou usar uma linguagem que não a correcta aquando da citação de vários locais ou mesmo nomes usados na gíria da região.
Sei que muito se tem escrito e se continua a escrever sobre a nossa Serra da Estrela, mas, deixem que vos diga, que se continuarmos a escrever sem nada fazer, corremos o risco de perder de vez este património que é de todos nós.
Desde pequeno que me lembro de ir à Serra. Antigamente era uma aventura a simples deslocação de Abrantes à Serra da Estrela. Eram cerca de
Cerca de vinte anos depois, é com uma enorme tristeza que encontro uma Serra desfalcada do seu património florestal, (toda a zona das Pedras Lavradas por exemplo) devido a incêndios sucessivos; “algarveada” no topo, com lixo e esgotos a correr a céu aberto; mini estâncias de montanha sem condições de laborar; aldeias de montanha; estradas esburacadas e passeios manhosos a parecer Beirute depois da guerra; centros comerciais ampliados na Torre (vulgo barracas, o primeiro já existia) e um edifício degradado do lado poente da torre a uns
A minha maneira de ver a Estrela compreende, em primeiro lugar, a extinção\ demissão do agente responsável pela tutela do Parque Natural, por inoperância e falta de valores morais e éticos. Compreende também a demolição de todos os edifícios da Torre com a excepção como é óbvio da Capela e das duas torres da Força Aérea, sendo as últimas recuperadas mantendo a traça original. A Estrada Nacional que liga o Centro de Limpeza de Neve à Torre teria os dias contados. A partir daí, só de telecabines (ficando o local das mesmas ao cuidado de técnicos especializados). Todo o entulho proveniente da remoção do alcatrão seria removido. Do lado da Lagoa Comprida defendo o mesmo, da nova rotunda (ligação Lagoa Comprida Portela do Arão) para cima só de telecabine. Defendo também projectos de telecabines de Alvoco da Serra e Unhais da Serra, para que se possa subir sempre que há muita ou pouca neve. Sou favorável à construção de um túnel, pelo menos que efectue a ligação perdida entre a Covilhã e Seia, ficando o estudo do local a cargo de técnicos responsáveis. Quem o irá pagar… talvez os mesmos que vão pagar uma terceira ponte sobre o Tejo em Lisboa, um Aeroporto da Ota ou mesmo um TGV (note-se que sou contra o Aeroporto e o TGV). Sou da opinião que as pessoas que vivem e trabalham nesta região devem ter condições condignas para desenvolverem o seu trabalho/ actividade. Não podemos nem devemos parar a evolução, pois note-se que esta já é uma região onde as taxas de natalidade são baixas e a continuar assim menores ficarão. Devemos avançar, com respeito mútuo pelo ambiente e pelas gentes, sem nunca perder de vista o que é prioritário.
Defendo uma reflorestação urgente de toda a Serra com espécies autócnes, pois são mais resistentes ao fogo, dando especial atenção ao carvalho (eucaliptos nem vê-los, quanto aos que existem deveriam ser arrancados pelas raízes). Iniciativas como “Um Milhão de Carvalhos para a Serra da Estrela” precisam-se. Relativamente à Estância da Turistrela e uma vez que o estado os beneficiou com uma licença de exploração por uma quantidade infindável de anos, defendo que a mesma se mantenha como está, mas com bastantes modificações na traça do seu edifício de apoio e aluguer de equipamentos (o mesmo parece um Bunker e não estamos em tempo de guerra). Note-se que não existe outra Serra para a prática do Esqui ou Snowboard em Portugal).
A minha visão de ver o turismo compreende todos aqueles desportos onde o motor impulsionador é o nosso coração, com especial relevo às caminhadas de montanha (uma vez que a neve tende a rarear devido ao aquecimento global), passeios de Btt, observação/ contemplação da natureza, acampamentos em locais propícios… enfim, toda uma série de actividades, onde o respeito pela natureza dá o mote.
Recordo-me de Cangas de Oniz, pequena localidade perto dos Picos de Europa, onde em qualquer esquina existe uma pequena empresa cuja função é prestar serviços, alugar equipamentos e organizar visitas/ passeios por toda a região. Vejam a riqueza que se iria gerar por cá.
Tenho a certeza que muito mais havia a dizer, por agora fico por aqui. Opinem se quiserem.